Equilibrista Digital

No post anterior foi abordado muito bem o quanto a tecnologia nos permite estar sempre conectados, mesmo nas férias. E como isso nos ajuda, sem estressar.

Minha proposta hoje é abordar o outro lado da equação: quando a tecnologia não joga a favor.
Não estou falando apenas da arte de se desconectar para dar atenção a quem está do nosso lado, dedicando e esperando um pouco mais de atenção do que  alguns parcos minutos que lhe reservamos entre os intervalos de consulta ao celular, às redes sociais, etc. Estou falando também do dia-a-dia no trabalho: as reuniões de trabalho são a cena perfeita onde a tecnologia sempre toma o papel de protagonista e o verdadeiro protagonista se frustra, se perde e, na maioria das vezes, não consegue o entendimento mínimo da audiência para a idéia que está ali para apresentar. Porque estamos ali, porém conectados em outros temas…

Você deve conviver ou praticar isto todos os dias (às vezes somos vítimas, outras culpados)….E se você for para as reuniões e deixar o celular, o iPad  ou o laptop  na sua mesa de trabalho por um tempo? Não seríamos mais produtivos? Mais elegantes, não tenho dúvidas….

E você pode estar pensando: Como? Sem meu porto-seguro ou companheiro inseparável (vulgo celular) nas reuniões que são sempre chatas e longas?

E se nos desconectássemos da tecnologia (e só o protagonista da reunião a utilizasse) e fizéssemos um desafio para termos reuniões mais rápidas e efetivas? Estou certa que teríamos bons resultados para todos: para o protagonista que  está ali para expor suas idéias – pois estaríamos 100% presentes contribuindo muito mais – e para todos nós, podendo inclusive voltar mais rápido para nossos brinquedos tecnológicos.

Já ouvi várias pessoas dizendo:
Isto não vale para a nova geração, não vale para os Millennials ou a Geração Z, pois querem fazer tudo ao mesmo tempo. Será? Será que fazer tudo ao mesmo tempo nos permite chegar aos melhores resultados?  Tenho dúvidas…. E além de dúvidas, ser multitask para mim não significa fazer tudo ao mesmo tempo sem fazer nada bem, significa fazer muitas coisas,  diferentes, mas buscar o mínimo de qualidade e de satisfação em cada uma delas. Significa estar  inteira em cada uma delas. Só assim teremos a realização que buscamos em tudo que fazemos.

Mais uma proposta:
Que tal experimentar chegar em casa, desligar-se  do facebook, Instagram, snapchat (que ferramenta interessante, não deixa rastros…. pelo menos é o que a nova geração está acreditando) ou o WhatsApp (este então é o mais perigoso pois é o mais acessível e, como invadiu a vida pessoal mas também a profissional, sempre temos uma boa desculpa) e só voltar a olhar pra tela no dia seguinte? 8hs de descanso para todos! Para você e para os outros que vão receber menos inputs seus.

Você já experimentou? Se não, experimente, vale a pena!
Você descobrirá que, fazendo isso,  a qualidade do papo no jantar com a família ou com os amigos irá melhorar, a leitura de um livro será muito mais interessante. E, ao se reconectar vai descobrir que o mundo não acabou, que você não ficou para trás, que você ainda faz parte da  “tribo”. Algumas horas desconectada não te removeram da vida digital.

Sabe por quê? Se alguém precisar de forma muito, muito urgente se comunicar com você, vai encontrar uma forma, nem que seja por sinal de fumaça……vamos descobrir que podemos dar um tempinho dos aparatos digitais  e o mundo continuará exatamente como sempre esteve.

Não sou contra a tecnologia, muito pelo contrário, acredito que a sabedoria está em saber conviver com ela e também driblar sua invasão e viver bem com isto.
Nao quero fazer apologia ao silêncio e recomendar desconectar-se quando há necessidade de estar conectado, minha proposta é apenas buscarmos o tão sonhado equilibrio: no dia-a-dia, na vida real, hoje! Não estou propondo aqui fazer uma viagem ou tirar férias para fazer Detox Digital (já existem vários hotéis com esta opção turística), não que seja má idéia, mas proponho, pra começar, tentarmos pequenas atitudes no nosso dia-a-dia, que podem fazer toda a diferença para nossos parceiros, colegas de trabalho e prioritariamente a nós mesmas.

O mundo está precisando de mais elegância, no sentido do cuidado e dedicação ao outro. E este já é um bom motivo para nos desconectar quando acharmos que começamos a nos tornar deselegantes.

A tecnologia é boa, a tecnologia é má. No fim o que é importante , “é que você diga a ela, pelo menos uma vez, quem é o dono de quem!?” *


Dicas para uma reunião desconectada e produtiva:

  • Reunião tem que ter objetivo: ao final dela, com o que orientação devemos sair? Envie isso na convocação.
  • As pessoas precisam estar preparadas: Nada de querer surpreender: mande sua apresentação no mínimo 2 dias antes da reunião. Organize-se, dê o exemplo. As pessoas precisam de um tempo para estudar o material.
  • Reunião tem dia, data e hora para começar e terminar. Não dá para ficar discutindo o “sexo dos anjos”, os “ah, no tempo do fulano”, “já que estamos aqui…”, etc. Não enrole e vá direto ao tema proposto.
  • Celular? Proibido. Notebook: somente o apresentador e o responsável por documentar a reunião. Vai apresentar também???  Abra seu computador somente na hora da sua apresentação.

 

* A frase que tomo emprestada acima  é de uma das músicas que mais gosto, composta  por Frejat: Amor pra Recomeçar, que por sua vez se inspirou no Poema “Desejos”, de Sérgio Jockymann de 1980.